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REGULAMENTO
DE APOIO À RECUPERAÇÃO DE CASAS TRADICIONAIS DE
SAFARA JÁ ESTÁ DISPONÍVEL
Foi recentemente
criado o Regulamento de apoio à recuperação de
construções de traça tradicional de Safara, no
âmbito da medida AGRIS, estando disponível para consulta
no Pólo da ADCMoura, a funcionar no edifício da Casa do
Povo. De acordo com este documento que define as condições
a que devem obedecer os investimentos de pessoas singulares, proprietárias
de imóveis localizados dentro da aldeia de Safara, as ajudas
a conceder, destinadas a projectos de intervenção em fachadas,
telhados e muros construídos com técnicas e materiais
tradicionais, são atribuídas sob a forma de incentivo
não reembolsável, mais conhecido por "fundo perdido",
e corresponderão a 50 por cento das despesas elegíveis,
incluindo as despesas de elaboração dos respectivos projectos
a candidatar junto da Direcção Regional de Agricultura
do Alentejo (DRAAL), até um máximo de investimento elegível
de 25 mil euros. No entanto, caso o justifiquem o número e a
natureza dos projectos, poderá estabelecer-se um limite máximo
inferior àquele valor. Por outro lado, este apoio é acumulável
com outros apoios a conceder, nomeadamente pela Câmara Municipal
de Moura.
Para que os projectos
sejam elegíveis e possam beneficiar das ajudas previstas, devem
ser observados, entre outros, critérios técnicos de construção
ao nível da preservação da implantação
original do imóvel, manutenção de fachadas inalteradas,
exceptuando a abertura de vãos de iluminação e
ventilação em condições específicas,
manutenção das paredes estruturais de suporte da estrutura
da cobertura, incluindo a utilização de apenas paus de
madeira ou perfis metálicos nessa estrutura, e preservação
da altura original das paredes exteriores, excepto nos casos em que
o aumento da altura tenha sido feito para assegurar as condições
de habitabilidade previstas pelo Regulamento Geral de Edificações
Urbanas (RGEU).
Estas e outras normas
podem ser conhecidas com mais detalhe junto do Pólo de
Informação e Dinamização de Safara -
ADCMoura / Casa do Povo de Safara
Contacto_ Quim Barradas
TLF_ 285935487
CONSULTORIA
NAS ÁREAS DA ARQUITECTURA TRADICIONAL E MOBILIÁRIO URBANO
A Escola Profissional
de Desenvolvimento Rural de Serpa e a empresa Sugo Design foram convidadas
a prestar serviços de consultoria no âmbito do Plano de
Intervenção de Safara. O envolvimento da Escola Profissional
neste processo, que se justifica tendo em conta a sua importante actividade
pedagógica e formativa associada à valorização
da arquitectura tradicional, com reconhecimento nacional e internacional,
compreende a participação de elementos seus na equipa
técnica de análise das intenções de candidatura
e no acompanhamento da execução física dos investimentos.
Por seu lado, à
Sugo Design, com sede em Moura, cabe a apresentação de
propostas relativas ao mobiliário urbano a instalar na aldeia
e ainda todo o trabalho de design gráfico associado ao Plano
de Comunicação e Informação, onde se inclui,
por exemplo, a produção deste boletim informativo.
COMO
TIRAR PARTIDO DOS APOIOS DA MEDIDA AGRIS?
A apresentação,
por particulares, de intenção de investimento representa,
por assim dizer, a primeira etapa do processo de candidatura às
ajudas disponíveis no âmbito da Medida AGRIS. A primeira
fase para apresentação dessas intenções
terminou no passado dia 12 de Março de 2004, tendo dado entrada
até essa data, no Pólo da ADCMoura, 29 propostas que visam
a recuperação de construções de traça
tradicional da aldeia. De acordo com os procedimentos instituídos,
segue-se a fase de análise das referidas intenções
e a emissão de um parecer técnico por uma equipa de arquitectos
consultores, após o que se decidirá quais os investimentos
a apresentar em candidatura à Direcção Regional
de Agricultura do Alentejo (DRAAL). A tomada desta decisão compete
à equipa de gestão do Plano de Intervenção
de Safara, composta por elementos da ADCMoura, na qualidade de entidade
promotora do Plano, e elementos da Câmara Municipal de Moura e
Junta de Freguesia de Safara, enquanto entidades parceiras.
Para o pagamento
dos apoios financeiros, feito em sistema de reembolso, é necessário
a apresentação de facturas, recibos, cópias de
cheques e extractos bancários ou folha de caixa onde conste o
pagamento das despesas com as obras. Este pagamento está ainda
dependente da boa execução física e do cumprimento
dos compromissos assumidos na candidatura através de Relatório
de Acompanhamento elaborado pela equipa gestora do Plano e de Relatório
da DRAAL.
Os próximos
prazos limites para a apresentação de intenções
de investimento são 31 de Maio e 31 de Agosto de 2004, caso não
esteja ainda esgotado o valor máximo de ajudas disponibilizado
pelo Plano de Intervenção de Safara para esse fim.
AS
CASAS DA MARIA GUADALUPE E DA MARIANA
A casa é
dela e dos outros dois irmãos, o Joaquim e o Manuel. Os três
estão presentes quando a porta do número 38 da rua 1º
de Dezembro se abre para deixar entrar o forasteiro, mas é a
Maria Guadalupe que aceita falar, depois de dadas algumas
explicações a justificar o intuito da visita. Começa
por se referir às vantagens térmicas de uma casa erigida
em taipa, como é a sua, quente no Inverno, fresca no Verão,
e à antiguidade da construção, que não consegue
precisar. Nos tempos em que o seu pai a adquiriu, informa que funcionava
uma adega no primeiro piso, que deu lugar a uma espécie de armazém
onde os irmãos guardam agora rações e outros produtos
agrícolas. O andar superior é um espaço amplo destinado
a habitação, salientando a proprietária as suas
pequenas janelas de onde se abarca um horizonte a perder de vista, que
inclui a aldeia, os campos agrícolas em redor e a serra da Adiça.
É um privilégio, poder desfrutar desta paisagem. Maria
Guadalupe acha-se suspeita para continuar a falar das qualidades da
sua casa, que são muitas, e por isso prefere deter-se nas pequenas
obras que ela e os irmãos pretendem fazer, através de
candidatura às ajudas previstas na medida AGRIS, de modo a valorizar
o edifício e contribuir para a conservação do património
construído da aldeia. A ideia é arranjar a cobertura,
substituir alguns barrotes, tábuas do tecto e telhas em mau estado,
assim como colocar sub-telha, adequada ao tamanho da telha vã,
e isolamento térmico. É ainda desejo dos três irmãos
recuperar o portão de topo, alterar o vão de uma das duas
janelas e abrir uma terceira, que serão objecto de projecto a
sujeitar a licenciamento municipal e parecer da equipa AGRIS. Por tudo
isto, a Maria Guadalupe considera importante este tipo de iniciativa,
que irá contribuir para que Safara, de acordo com as suas palavras,
continue a ser das aldeias mais bonitas do concelho de Moura.
A aldraba soa uma,
duas, três vezes na porta de madeira do nº 13 da rua de Timor,
sem que ninguém responda. Até que surge uma conhecida
da Mariana Lourenço a informar que ela deve
ter ido à da vizinha e não demora. Daí a nada aparece
a Mariana toda despachada, explicando que acabou de chegar de um passeio
até ao campo para apanhar cogumelos. Não é que
perceba muito dessa arte de perscrutar a terra, mas faz-lhe bem apanhar
ar e desentorpecer as pernas. Formulado e aceite o convite para entrar
em sua casa, a Mariana, que irradia simpatia e é amiga de falar,
deixa-se levar pelo assunto da conversa: a sua casa e as obras que pensa
executar, recorrendo aos apoios da medida AGRIS. Ficamos a saber então
que, depois de ter abalado para Almada, onde fez a sua vida como engomadeira
e doméstica, resolveu há treze anos regressar à
sua aldeia e à casa onde nasceu e que herdou dos pais. Uma construção
que se caracteriza pelo piso térreo, sem vãos na fachada
que não seja o da porta de entrada e onde se destaca o ondulado
das várias camadas de cal. Para a casa ser mais confortável,
segundo a Mariana, precisava de umas reparações na cobertura,
mantendo a telha de meia cana e colocando isolamento térmico,
e ainda da subida do pé-direito, já que os espaços
interiores junto à fachada são muito baixos. Os elementos
da equipa técnica do AGRIS, de quem diz maravilhas, apoiam também
a sua pretensão de abertura de um vão de janela na fachada,
devidamente sujeita a licenciamento municipal e parecer da equipa. Para
além disso, faz parte da intenção de candidatura
a reconstrução de uma parede de divisão do quintal
nas traseiras da casa. É claro que todas estas obras só
podem ser feitas se forem utilizados materiais e argamassas compatíveis
com a taipa. A Mariana concorda com isso e muito mais, pois para ela
não há como a casa tradicional alentejana.
Neste momento, tanto
a Maria Guadalupe como a Mariana, depois de reunidos os orçamentos
para as obras que pretendem realizar, aguardam por uma decisão
favorável da equipa gestora do Plano para prosseguirem com as
suas candidaturas junto da Direcção Regional de Agricultura
do Alentejo. |
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