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Há quem queira trabalhar
por conta de outrem, se possível num emprego do Estado, vendo passar
os dias iguais atrás de uma secretária ou balcão,
cumprindo horários e ordens das chefias, esgotando aí as
suas metas. Não é este, seguramente, o ideal de vida da
Alda Pires, residente em Amareleja, que, mesmo considerando as regalias
e a estabilidade associadas ao exemplo descrito, prefere pesar, no outro
prato da balança, as vantagens de se dedicar a um trabalho por
conta e risco, assumindo as rédeas do seu destino. E acrescenta
outras compensações: ter tempo para si própria, para
a sua família ou para desenvolver outros interesses, regendo-se
por outro relógio e encontrando assim o seu próprio ritmo
de trabalho, com criatividade.
Pensar desta forma pode até parecer um trapézio sem rede,
como reconhece, mas ser o seu próprio patrão, ser dona do
seu tempo, mandar na sua agenda e fazer da sua paixão o seu trabalho,
acreditando nas suas potencialidades e levando à prática
o seu espírito de iniciativa, são coisas de que não
abdica por nada deste mundo. É claro que o risco anda associado
à actividade empresarial e existem sempre receios de que algo corra
mal e de que, ao abanar algumas fundações, o edifício
desmorone. A Alda sabe do que fala, tendo em conta a sua larga experiência
enquanto promotora de negócios diversificados dentro da área
da comercialização de produtos alimentares. Por isso, risco
sim, mas calculado. No entanto, apesar de algumas coisas não terem
corrido tão bem quanto esperava, precisamente por desconhecer alguns
aspectos que se prendem com o funcionamento de uma empresa, deste seu
trajecto guarda lições importantes que a fazem estar hoje
mais preparada para lutar contra as adversidades do mundo dos negócios.
Para esta nova postura, que lhe permitiu traçar uma nova estratégia
e ser mais cautelosa e profissional, muito contribuiu a sua decisão
de frequentar o curso de Empreendedorismo e Criação de um
Pequeno Negócio, organizado pela ADCMoura em 2003, onde aprendeu
coisas simples mas de grande utilidade, como as que dizem respeito à
criação de uma empresa, às condições
exigidas para a sua viabilidade, à organização da
contabilidade ou à gestão de stoques, por exemplo. Foi neste
curso, por sinal, que ouviu falar, pela primeira vez, do Microcrédito.
E foi a este sistema de financiamento que acabou por recorrer, com o apoio
da ADCMoura na instrução da respectiva candidatura, quando
resolveu pôr em prática os ensinamentos ministrados durante
a formação. A sua ideia, amadurecida ao longo do tempo,
com avanços e recuos, passa por criar, com o marido, um sistema
que contempla o armazenamento, a distribuição e a comercialização
de produtos agro-alimentares típicos da região junto de
restaurantes e mercearias e outros estabelecimentos afins existentes no
distrito. Pensa ainda, uma vez por semana, alargar o seu mercado à
zona de Lisboa e margem sul do Tejo, para o que já tem contactos
estabelecidos junto de lojas da especialidade e supermercados de média
e grande dimensão. Daí que o investimento previsto nesta
sua nova actividade contemple as obras, que estão a decorrer, num
edifício que terá as funções de armazém,
assim como a instalação de uma câmara de frio numa
viatura comercial de que é proprietária, que lhe permitirá
fazer a distribuição dos produtos com todas as condições
exigidas para o efeito.
Mas os seus projectos não ficam por aqui. A médio prazo
pretende abrir as portas de um ginásio em Amareleja, aproveitando
o facto de o marido ser professor de Educação Física,
e, mais tarde, criar um serviço de fisioterapia, a pensar sobretudo
na população mais idosa da vila. A outra ideia consiste
em converter, num edifício que recebeu de uma herança, uma
residencial, com todos os requisitos de comodidade, ajudando assim a colmatar
uma necessidade sentida ao nível do alojamento daquela localidade.
Enquanto estes projectos não se concretizam, a Alda vai continuando
a acreditar no poder dos sonhos.
contacto
Alda Pires
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